Família, O Mundo Das Crianças, Pessoas

Inclusão

Atualmente, fala-se muito sobre INCLUSÃO. Será que na realidade esta
INCLUSÃO existe?


Na realidade devia existir sem ter que ser criada. Se todos nós tivéssemos este
dom de INCLUIR os mais frágeis e vulneráveis não teríamos que ver criado um
decreto lei para que a INCLUSÃO seja colocada em prática.


Desde sempre existiram crianças com diferentes características genéticas,
físicas e psicológicas. Há alguns anos que Portugal anda nesta viagem da
EDUCAÇÃO INCLUSIVA com alterações do meu ponto de vista bastante
positivas e enriquecedoras para as nossas crianças.


Para quem desconhece estou a falar da EDUCAÇÃO INCLUSIVA. O sermos
educados para a aceitação do outro na sua essência e mediante as suas
capacidades.


Há trinta/quarenta anos atrás todos víamos crianças com diferentes patologias
a serem quase “escondidas” da sociedade. Não frequentavam a escola e eram
limitadas a conviver apenas com familiares. Nas famílias de estatuto social
mais elevado essas crianças frequentavam escolas especiais onde conviviam
exclusivamente com outras crianças com as mesmas condições ou diferentes
tipos de patologias.


Hoje em dia vemos crianças com diferentes patologias a frequentar a escola
regular e a ser INCLUÍDAS com outras crianças, as ditas normais.
A educação inclusiva é hoje reconhecida como uma via fundamental para
garantir o direito de todas as crianças e jovens à educação de qualidade
(UNESCO, 2020), sendo central para alcançar as metas da Agenda 2030 para
o Desenvolvimento Sustentável (United Nations, 2015). 

Os desafios para a implementação eficaz da educação inclusiva incluem a necessidade de
recursos adequados, formação contínua dos professores e o desenvolvimento
de políticas educacionais que promovam a igualdade e a inclusão. Além disso,
a resistência a mudanças nas práticas pedagógicas e nas atitudes em relação
à diversidade pode ser uma barreira significativa (Jury et al., 2023; Slee, 2011).

A educação inclusiva é um processo contínuo que requer compromisso,
recursos e uma mudança de mindset em todos os níveis do sistema educativo
(Ainscow, 2024). A colaboração entre professores, alunos, famílias e
comunidades é essencial para construir ambientes de aprendizagem que sejam
verdadeiramente inclusivos e capazes de atender às necessidades de todos os
estudantes (Messiou, 2017). 


Será que a nossa sociedade está preparada para este compromisso? Será que
as nossas escolas, professores, estudantes, pais, assistentes operacionais…
estão preparados para INCLUIR estas crianças?
Por parte de quem é que existe mais INCLUSÃO/EXCLUSÃO?


As crianças na sua essência aceitam qualquer criança, independentemente da
raça, etnia, religião… por norma quem tem dificuldade na INCLUSÃO são os
ADULTOS. Onde deveremos então atuar para que a INCLUSÃO seja colocada
em prática como ela merece nas nossas escolas/sociedade?


Será que algum de nós gostaria de estar no lugar destas crianças/adolescentes
que por si mesmos já se sentem um pouco “excluídos”? Tenho a certeza ou
quase a certeza que a resposta seria imediatamente: NÃO. Será que algum de
nós gostaria de ter um filho com certas limitações? Também tenho a certeza
que NÃO.


Cresci numa escola do ensino básico em que uma criança com deficiência
estava todos os dias. Esta criança era o filho da minha professora. A minha
ligação com ele sempre foi muito especial. Ele era tão carinhoso, amigo e vivia
muito no seu próprio mundo. Naquela altura nunca me questionei da presença
dele, mas com o meu crescimento fui percebendo. Não havia uma escola onde
ele pudesse estar. Mais tarde, passou a frequentar uma escola própria para si
onde foi muito feliz, mas eu sempre fui muito feliz com ele na minha escola.
Não me recordo se algum dia o Paulinho aprendeu a ler, mas sei que a minha
professora, a sua mãe lhe ensinava muitas coisas. Era apaixonado por postais
e aviões. No dia da sua despedida levou-os consigo, tal e qual como andava
sempre com eles debaixo do braço.

Hoje, pergunto-me, porque muitas pessoas em pleno Séc. XXI ainda não
aceitam estas crianças! Sim, porque se fossem aceites a EDUCAÇÃO
INCLUSIVA não fazia sentido nenhum.

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA foi criada para proporcionar igualdade de oportunidades a todas as crianças.
Esta EDUCAÇÃO vai funcionar na sua plenitude quando nós seres humanos
deixarmos de ser egoístas e nos tornarmos mais humildes. No dia que as
pessoas perceberem que todos temos os mesmos direitos o mundo vai
melhorar e a visão do mesmo também. Até lá temos muito para aprender e
crescer e cada dia mais teremos crianças especiais a aparecer nas nossas
escolas. Todas ela tem uma razão de ser.


Trabalhemos a nossa EMPATIA e seremos mais capazes de INCLUIR.

Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental

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