Família, O Mundo Das Crianças

SÓ QUEREMOS SER CRIANÇAS

Estamos em pleno séc. XXI e continuamos a ver atitudes completamente
desajustadas para com as crianças.
Dói sentir que isto acontece e dói muito mais saber que os seres mais
vulneráveis continuam a ser vítimas de uma sociedade materialista, egoísta e
insensível em assuntos relacionados com crianças.


Queremos que as crianças se comportem de forma ADULTA quando o próprio
adulto tem comportamentos bem mais fora da norma do que elas. Pergunto-me
muitas vezes, o que espera a nossa sociedade destes seres indefesos que
esperam apenas encontrar colo e aconchego por parte dos mais crescidos, e
o que na realidade encontram é o oposto.
Quando é que vamos parar de exigir das crianças atitudes que não são
para a idade delas?
Quando vamos perceber que as crianças precisam de mais da nossa parte?
Quando vamos aceitar que criança tem comportamento de criança, porque
não sabe mais do que isso nem é suposto saber.


Andaremos assim tão distraídos que já nos esquecemos do que é ser criança e
do que fizemos quando já o fomos! Como nos esquecemos tão rápido da nossa
infância que não conseguimos compreender a de outros.
Exigimos, ralhamos, castigamos, gritamos e depois o que acontece:

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”

Pois é, acontece que tanto cobramos, tantos julgamos que as atitudes de fúria,
de desorientação, de descontrole, de desânimo, de tristeza surgem das nossas
crianças. Começam a revelar aquilo que não era suposto em idades muito
precoces e nós adultos ficamos sem saber o que fazer. Primeiro exigimos e
quando existe resposta desagradável do outro lado achamos que nada fizemos

Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa,
na justa medida, no momento certo, pela razão certa e de maneira certa – isso
não é fácil.

quando na verdade fizemos muito e de uma forma bastante incorreta. Até pode
ser sem intenção, mas fizemos. Pensemos antes de falar e atuar.
Se tenho uma criança com dificuldade em controlar-se, a chorar, a fazer birra a
minha função, enquanto adulto é acalmar e não fazer com que a mesma se
irrite ainda mais.
É lamentável, que existam pessoas que não saibam como isto funciona e
façam questão de ainda “massacrar” mais a ferida da criança.
Daniel Goleman, o pai da Inteligência Emocional no seu maior Bestseller
Internacional, intitulado “O livro que mudou o conceito de inteligência –
Inteligência Emocional”, diz-nos que, os três mais comuns estilos
emocionalmente ineptos de lidar com uma criança provaram ser:


. Ignorar completamente os sentimentos da criança;
. Ser demasiado “deixa andar”;
. Ser desdenhoso, não mostrar respeito por aquilo que a criança
sente;


Qualquer um destes estilos me deixa chocada e sem perceber muito bem,
porque muitas famílias escolhem o mundo da maternidade/paternidade se
depois aplicam estes estilos na orientação dos seus filhos!
Uma criança que percebe que o pai ou a mãe estão tristes aproxima-se e quer
mimar e depois no processo inverso temos pais que só porque a criança está
triste berram, penalizam e ainda dizem: “PARA JÁ COM ISSO, NÃO TENS
MOTIVO PARA ESTAR ASSIM”. Que sabem eles se a criança tem motivos ou
não, se nem sequer se limitaram a tentar perceber o que se passa?
Qualquer criança, qualquer ser humano tem direito a estar triste, a ser
inseguro, a ter dúvidas, mas a criança tem muito mais direito, pois está a
aprender e tem sempre como referência os que estão perto de si. A criança
aprende muito mais com o que vê do que com o que ouve.
Parem de achar que as crianças são máquinas e tem que se comportar como
os ADULTOS querem. Elas só querem ser felizes e beneficiar dos seus direitos,
entre os quais temos o ser ouvidas e respeitadas pelo que sentem e pensam.

ARISTÓTELES, Ética e Nicómaco

Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental

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