Acumular dois papeis, não é coisa fácil.
Assumir responsabilidade de duas pessoas num só corpo é uma tarefa complexa e apenas para pessoas destemidas.
Alguns assumem este papel por livre e espontânea vontade, como é o caso de muitos casais. Um dos progenitores trabalha e outro dedica o seu tempo à educação dos filhos. Há casais em que simplesmente um se demite do papel e vão vivendo assim. Em alguns casos uma das partes “demite-se” do seu papel e em situações mais delicadas, foi a própria vida que assim delineou e o caminho é em frente. Arregaçar mangas e lutar deve ser o lema, mas nas situações em que apenas um arregaça mangas, é muito mais complexo.
Conheço várias pessoas nesta situação e todas tem algo em comum. Espírito de sacrifício, capacidade de se erguer mesmo não tendo forças, capacidade de ver em tudo o lado positivo da vida e principalmente, um amor muito grande pelo descendente ou descendentes.
É uma tarefa bastante exigente, mas não é impossível.
Com AMOR tudo se consegue, basta lutar dia após dia. Estas pessoas por norma, não partilham do lema de se queixar da vida a toda a hora, não partilham da “DESCULPITE” aguda que invade constantemente o ser humano, nem sequer de poderem dizer que estão doentes ou cansados. A solução é erguer e caminhar, seja com vontade ou não.
Infelizmente, e cada dia mais, ouço pessoas a queixarem-se da vida. Então, que dirão as que lutam sozinhas dia após dia!
Pergunto-me: quando é que as pessoas vão agradecer pelo que tem? Quando é que as pessoas vão pensar, antes de se queixarem da vida?
Por norma, os que mais se queixam são os que menos lutaram e lutam na vida. São os que sempre tiveram ajudas e continuam a ter. Talvez, por isso não saibam agradecer nada, nem a ninguém.
Quando ouço casais com filhos a reclamarem da sua própria vida fico a olhar e penso: Tânia, vais dizer alguma coisa ou preferes deixá-los viver assim!
O ser humano tem muita falta de organização e responsabilidade sobre as suas decisões. Eu, sou mãe e pai ao mesmo tempo e agradeço todos os dias pela bênção da maternidade. Quantas mulheres gostariam de ter filhos e não podem ou não conseguem? Quantas mulheres perdem os seus filhos e choram todos os dias por eles? Eu, tenho é que agradecer. Aliás, todos temos que agradecer.
Tenho uma vida cansativa, de muito sacrifício, de muita luta, mas também tenho comigo o melhor do mundo, o meu FILHO. A melhor companhia que algum dia poderia ter e querer.
Se choro 50 vezes por causa dele, logo a seguir consigo sorrir umas 100 vezes, pelo mesmo motivo. Se passei 100 noites sem dormir, já consegui ter mais de duzentas no seu aconchego. Se mudei 1000 fraldas, só peço à vida que alguém me possa mudar outras tantas.
Por um filho qualquer mãe ou pai luta, ou deveria lutar.
Eu, segundo algumas pessoas, viro “bicho selvagem”, e é bem verdade.
Sermos emocionais e racionais em doses equilibradas, nem sempre é fácil de gerir. Carece de muito autocontrole, empatia e resiliência.
Por sermos dois em um, os filhos fazem tudo o que querem?
Nem sempre, mas como com todas as crianças às vezes, sim. Até os casais deixam os filhos fazer o que querem, como não haveríamos de o fazer nós, que somos um único ser.
Dizer NÃO, dói? Claro que sim. Parece que nos entra uma faca pelo coração dentro, mas faz parte da vida de todos.
Desde muito pequena que gosto mais de vestir calções e calças, em vez de saias e vestidos 😊. A partir dos 31 comecei a vestir umas muito maiores, e o peso da responsabilidade aumentou exponencialmente. Quanto mais o meu filho cresce, mais responsabilidade sinto nos ombros.
Como se gere esta situação?
Às vezes, de forma muito tranquila e serena. Outras, e porque temos tendência a ouvir comentários de todos os lados, perdemos a cabeça e ralhamos (atitude que não gosto e evito).
Não façam isto, por favor. O vosso filho ou filha não tem culpa nenhuma que o ser humano fale do que não sabe e do que nunca viveu. Se for para ralhar com alguém que seja com quem se mete na sua vida sem saber do que fala.
Temos que ser fortes e estabelecer uma relação de muita cumplicidade com o nosso filho ou filha.
Este papel é fácil de conseguir? Não.
É algo que se pode dar por adquirido? Não.
É algo, pelo que temos que lutar todos os dias, tal como lutamos pelo nosso ordenado ao fim do mês.
Mas, uma coisa eu tenho a certeza. Os filhos que são criados, apenas por um progenitor são uns VENCEDORES.
Tornam-se “adultos” muito mais cedo do que o esperado, porque interiorizam uma preocupação extrema em relação ao progenitor com que vivem. Ajudam imenso nas tarefas do dia a dia, cuidam do progenitor e acima de tudo são crianças muito sensíveis.
Eu, enquanto ser humano tenho muito respeito por CRIANÇAS que se encontram nesta situação. Sou incapaz de não as ajudar em qualquer crise de foro emocional, porque elas, tal e qual os adultos levam o seu tempo a ultrapassar certas situações que advém de tudo isto.
Amem os vossos filhos, lutem pelos vossos filhos e não assumam uma atitude de “DESCULPITE AGUDA”. Ser mãe ou pai é fazer sacrifícios. As CRIANÇAS devem estar sempre em primeiro lugar.
Sejam felizes, lutem e agradeçam.