As crianças, tal como nós adultos são seres emocionais em fase de aprendizagem. Aprenderem a lidar com as suas emoções e a respeitar as dos outros é fundamental no seu processo de crescimento e integração na sociedade.
Segundo a psicologia saber identificar e lidar com as suas emoções e dos outros chama-se Inteligência Emocional.
A primeira referência sobre Inteligência Emocional é do século XIX de autoria de Charles Darwin. Charles Darwin gastava apenas 4,5 horas por dia a estudar, sendo que fazia pausas para dormir, caminhar ou ouvir romances narrados em voz alta.
A Inteligência Emocional tornou-se popular a partir de 1995, quandoo psicólogo e escritor Daniel Goleman, formado em Harvard lançou o seu livro “Inteligência Emocional”.
Recentemente, mais de 200 voluntários foram recrutados para um estudo por pesquisadores de Harvard. A pesquisa consistia em descobrir o que era mais importante para o sucesso na resolução de problemas e revelou que a inteligência emocional supera a potência mental. Com estes resultados é fácil perceber que é fundamental as nossas crianças conhecerem as suas emoções e saberem lidar com elas.
Será que andamos a ensinar as crianças a identificar o que sentem, porque sentem e como lidar com isso?
Da minha experiência e trabalho com crianças tenho-me apercebido que cada vez menos as crianças sabem identificar o que sentem, porque sentem e lidar com. Confesso que é algo que me preocupa imenso, pois toda esta instabilidade trará resultados preocupantes em termos de futuro para os nossos pequenos.
De quem é o papel de ensinar às crianças tudo isto?
Em primeiro lugar da família, mas também um pouco de todos nós que lidamos/trabalhamos com elas todos os dias. Refiro-me a educadores de infância, professores, auxiliares da ação educativa, líderes de escolas, enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogas, terapeutas, ou seja, todo um conjunto de seres humanos adultos preparados para tal. Como todos sabem ou penso que sabem CRIANÇA aprende muito mais pelo que vê do que pelo que ouve. Então o que anda a falhar para que as nossas crianças cada vez mais se sintam emocionalmente instáveis?
Pois é, andamos a falhar nós os ADULTOS. Muitas vezes esquecemos que as crianças são seres humanos e tal como todos nós tem direitos que devem ser respeitados e valorizados. Andamos muito esquecidos que elas aprendem SEMPRE com as referências que tem perto de si, quer seja em casa quer seja na escola ou na sociedade em geral. Andamos também meio desorientados naquilo que somos e sentimos, por esse motivo não somos capazes de transmitir esta estabilidade aos mais pequenos. E, mais grave ainda, existem ADULTOS que penalizam as crianças pelas suas frustrações de vida. O que é isto? Onde está o RESPEITO pelo que a criança sente? Sim, porque ela tem direito de sentir e demonstrar o que sente. Ela não tem culpa que os seres que a rodeiam não saibam lidar com ela e com aquilo que ela sente. Supostamente os crescidos é que ensinam os mais pequenos, mas estamos numa época em que os mais pequenos andam a dar muitas lições de vida a adultos.
A Inteligência Emocional, segundo o pai da mesma Daniel Goleman, tem cinco pilares.
- Conhecer as suas emoções
- Controlar as emoções
- Desenvolver a auto-motivação
- Desenvolver a empatia
- Desenvolver o relacionamento interpessoal
E como poderemos ensinar às nossas crianças tudo isto. Elas são frágeis, ingénuas, doceis e carentes numa sociedade de adultos muito ocupados e distraídos consigo mesmos.
Descobri algumas dicas para aqueles que se quiserem atrever a criar “mafarricos” mais fortes a nível emocional consigo e com os outros.
Afinal, como se faz?
Em primeiro lugar temos que ser conscientes que é um trabalho árduo. Vamos ter dias de tudo, mas na sua maioria temos que ser fortes e extremamente pacientes.
Cá vão as dicas:
- Começar com mais ação e menos fala;
- Incentivar a comunicação das emoções;
- Permitir que a criança se expresse por meio de artes ou desporto;
- Trabalhar a resiliência a frustrações;
- Ajudar a identificar as emoções;
- Estimular a empatia;
Estes são os seis pontos fundamentais para ajudarmos as crianças a serem emocionalmente mais estáveis. Relembro, não vai ser fácil, mas é extremamente necessário. Elas andam muito reativas, agressivas física e verbalmente, carentes de atenção, carentes de serem escutadas e compreendidas.
Para que sejam mais felizes precisam de pessoas com tempo e paciência.
Protejam as VOSSAS CRIANÇAS, as NOSSAS CRIANÇAS.

Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental