A minha experiência como filha e como mãe já me permite partilhar o que penso sobre este tema.
Sempre disse e contínuo a dizer que MÃE não é empregada doméstica. Será mesmo que a mãe tem que fazer tudo pelos filhos? Se tem até quando será?
Respondendo à minha primeira questão afirmo que NÃO.
Mãe é geradora, criadora, matriarca. Independentemente da crença específica, muitas pessoas veem a figura da mãe como fontes de inspiração espiritual e força, reconhecendo o seu papel fundamental na formação e no bem-estar espiritual das suas famílias e comunidades. Mãe é um ser humano que decidiu dar vida a outro ser e tem como função formar o seu filho(a) para a própria vida.
Se nós MÃES fizermos tudo pelos nossos filhos será que se tornarão em adultos responsáveis e conscientes? Claro que NÃO. Desta forma, eles nunca vão aprender e crescer.
Logicamente, numa fase inicial de vida a MÃE é o pilar da criança e a mesma depende dela para sobreviver, no entanto como o crescimento da mesma devemos entender e aceitar que temos como função ensinar a criança a tornar-se autónoma. Esta autonomia vai ser extremamente útil para MÃE e FILHO(A). O poder de ensinarmos como se vive é fantástico e deve ser motivo de orgulho para todas as MÃES.
Porque é que muitas MÃES insistem em ser EMPREGADAS DOMÉSTICAS dos seus filhos?
Algumas porque lhes é confortável a nível emocional que isso aconteça. Assim, a criança vai estar sempre “presa” a ela, ou seja, estará a criar alguém dependente de si. Outras, porque lhes falta aquela dose de paciência que é necessária ter para estar ali e ensinar como se faz. Ensinar dá trabalho e é preciso dedicar tempo.
Mas será que é isto que queremos para as nossas crianças? Queremos crianças dependentes ou autónomas?
Eu quero crianças AUTÓNOMAS.
Já sabemos que tudo isto parece muito fácil, mas não é. Principalmente, depois de um dia de trabalho onde chagamos a casa cansadas e só queremos esticar-nos no sofá a NÃO FAZER NADA. Pois é, mas se deixarmos esta mentalidade de que temos que ser empregadas dos nossos filhos muito provavelmente vamos começar a chegar a casa e ter tempo para NÃO FAZER NADA, porque temos uma criança que até já consegue ajudar a fazer algumas coisas.
Quando podemos deixar que elas ajudem?
Elas próprias desde bem cedo vão dizendo que querem ajudar. Grande parte das vezes nós é que não deixamos, porque estamos formatadas com uma série de medos que não fazem sentido. A criança para aprender tem que experienciar, tem que executar, tem que praticar. A melhor forma de aprender é FAZENDO e ERRANDO. Já sabemos que vão errar imensas vezes, que se vão magoar, que vão chorar ou fazer uma birra, mas tudo isto faz parte do processo natural da vida. Deixemos que elas evoluam como seres humanos e que um dia possam dizer: APRENDI COMO SE FAZ COM A MINHA MÃE.
É tão bom ouvir os mafarricos pequenos a dizer: fiz um bolo com a minha mãe, lavei a loiça, estendi a roupa, aspirei… tudo isto é NORMAL e NATURAL. Já sabemos que todo este trabalho de autonomia requer vigilância por parte do adulto, mas deixem os pequenotes experimentar. Quer ajudar a levantar a mesa vai ajudar. Quer fazer a cama deixa fazer. Vai ficar mal feita, não faz mal. Depois de umas 50 vezes vai ficar bem de certeza. Afinal, não nascemos ensinados e é a fazer mal que se aprende a fazer bem. Pelo menos foi isto que aprendi.
Pois é queridas MAMÃS está na hora de perceber que é muito benéfico deixar crescer os filhotes e soltar amarras. O facto de os deixarmos fazer não implica que se vão afastar de nós nem que nos vão abandonar. Filhos são para toda a vida e se os ensinarmos a ser autónomos muito melhor.
Pensem nisso. Tenho a certeza que se colocarem em prática vai sobrar tempo para NÃO FAZER NADA.
Sejam Felizes.
Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental
