Quem diria que um dia iria escrever sobre a falta de tempo!
Na verdade, nunca houve tanto tempo, mas também nunca houve tantas crianças a queixarem-se da falta de tempo dos pais para com elas.
É comum vermos pais e filhos juntos, no entanto no tempo que corre o mais comum é vermos pais e filhos agarrados ao telemóvel. Ás vezes, quero acreditar que isto acontece de forma esporádica, mas os estudos e informações que vou ouvindo e lendo demonstram o contrário.
Porque será que os pais trocam o seu tempo com os filhos por conversas ao telemóvel? Porque será que os pais preferem estar sentados no sofá a jogar no telemóvel em vez de brincar com os filhos!
Será que anda tudo tão cansado que já não consegue definir prioridades? É verdade que sermos firmes e coerentes não é fácil, mas se não fizermos o mínimo de esforço a bola de neve vai-se tornar cada dia maior. As crianças andam muito carentes de TEMPO. O que poderemos fazer para que esta carência minimize? Teremos mesmo vontade de mudar algo dentro de nós e das nossas rotinas em prol das nossas crianças?
Eu quero acreditar que sim, tal como quero acreditar que esta falta de tempo se resume a cansaço e não a falta de vontade ou paciência.
Tantas vezes ouvimos dizer. Hoje, estive uma hora sentado com o meu filho a estudar. Ficamos felizes e achamos que efetivamente isso aconteceu, mas quando vamos aprofundar o assunto percebemos que nesse tempo houve telemóvel a tocar e mais de meia hora de conversa. Afinal que tempo foi este?
Teve qualidade? Foi eficaz?
Claro que não e mais uma vez a criança ficou a achar que até o telemóvel é mais importante do que a sua presença. Será tão difícil perceber que quando estamos é para estar? Vejo tanta falta de compromisso com as crianças que fico preocupada. Até na hora da refeição as pessoas conseguem não largar a tecnologia.
Que dependência é esta que se instaurou que prevalece em relação aos próprios filhos e convívio com eles?
Seremos nós conscientes das sequelas que estas atitudes irão deixar nas nossas crianças e jovens!
Parar para refletir não é fácil, mas se quisermos nós conseguimos fazê-lo. Sentem-se com as vossas crianças e peçam a opinião delas sobre este tema. Tenho a certeza que elas vos vão surpreender com a sua capacidade de análise da situação. Adoram ser ouvidas, aliás cada dia mais tem essa necessidade e tantas vezes ouvem: CALA-TE.
Pensem no vosso tempo e no que fazem com ele. Quem sabe estará na hora de redefinir prioridades.
Sejam felizes e façam as vossas crianças felizes.
Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental