Família, O Mundo Das Crianças

Até quando somos crianças?

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente em diversos setores. Segundo o ECA, é considerado criança quem tem até 12 anos incompletos. Já entre os 12 e 18 anos são adolescentes.

E para nós pais será assim tão linear?

Para uns sim e para outros não. Tudo isto está relacionado com o tipo de ligação que os pais tem com o seu filho(a). Uns começam desde cedo a estimular os filhos para a autonomia e outros preferem que os mesmos sejam dependentes. Fazer tudo por eles não é o melhor caminho.

E qual é o problema desta dependência?

No meu ponto de vista o problema desta dependência vê-se precisamente quando eles fazem a transição para a adolescência onde por vezes tem que realizar tarefas sozinhos e não sabem ou não conseguem, porque não foram estimulados para isso.

Os nossos filhos têm que se tornar autónomos e aprender a fazer um pouco de tudo para que quando atinjam os 18 anos não sofram de ansiedade, desorientação, solidão, tristeza, porque a mãe não está ou o pai não está. Por norma são as mães que gostam de manter os filhos “bebés”. No nosso coração eles são sempre pequeninos, mas na verdade eles crescem e sentem necessidade de se libertar do chamado “colinho” da mamã. Eles dão sinal disso, nós é que nem sempre nos apercebemos ou então, negamo-nos a aceitar.

Eu sou uma mãe protetora, mas faço questão de criar autonomia no meu filho desde bem cedo. Aliás, apenas com doze anos já realiza tarefas que muitos adultos não o fazem, porque tem sempre alguém que o faça por eles. Criar autonomia nos nossos filhos só tem benefícios para ambas as partes. Eles tornam-se responsáveis e desenrascados e nós deixamos de ter tanto “peso nas costas”. Logicamente, estamos aqui para os defender, mas o facto de eles terem tarefas para realizar sozinhos e serem responsáveis por elas é muito benéfico. 

Em que idade podem começar a realizar tarefas?

Basicamente, quando eles se demonstrarem disponíveis para isso que por norma é bem cedo. Nós adultos é que temos muito medo que eles se magoem, se cortem, que caiam… Quantos de nós já passamos por tudo isto e estamos aqui. O importante na questão das tarefas é a supervisão e deixar utilizar o material adequado para a idade da criança. Quando eles não têm vontade ou não demonstram iniciativa para ajudar, cabe-nos a nós incentivar a que participem e aprendam e podemos fazê-lo de uma forma muito positiva. 

Exemplos: 

1- Filho, hoje gostava imenso de ter a tua ajuda para arrumar o quarto. Tenho a certeza que vais fazer um excelente trabalho. 

2- Hoje vou fazer um bolo. Com a tua ajuda ele vai sair muito mais delicioso. 

3- Estou sem ideias para o jantar. Queres ajudar-me a decidir? 

Há muitas formas de incentivo para que colaborem. Eles gostam de se sentir úteis e saber que a ajuda que dão é importante para o sucesso da tarefa. 

Não é difícil incentivar filhos a serem autónomos. Só temos que nos mentalizar que eles crescem e temos que os preparar para a vida. Nem sempre vamos poder estar ao seu lado, portanto orientá-los neste sentido é fundamental.

Nunca se esqueçam. Todos nós já passamos por este processo e tenho a certeza que com mais dificuldades que os nossos filhos.

Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental