Como sabem, a vida tem situações desagradáveis.
Se não tivesse, também não teria o mesmo encanto nem nos daria tanto entusiasmo.
Ter vidas facilitadas, no meu ponto de vista não faz de nós melhores nem nos prepara para nada, muito pelo contrário.
Com as crianças é tal e qual.
Já me deparei, e continuo a deparar com situações em que as pessoas não sabem como reagir nem como explicar aos seus filhos determinados assuntos.
Eu, sou bastante prática nesta questão.
Defendo sempre a verdade da questão. Obviamente, sempre com linguagem ajustada à idade da nossa criança e de forma que a mesma compreenda.
Tenho esta postura enquanto mãe, enquanto profissional, enquanto ser humano e com plena consciência de que o que faço pode trazer dissabores.
Tenho medo? Fico angustiada? Fico nervosa?
A resposta é a que quase todos estão a pensar. SIM
Sou feita da mesma essência que todos os seres humanos, mas prefiro passar todas estas fases e falar a verdade do que o processo oposto.
A mentira não é, nem nunca foi o caminho para nada. Mentira gera mentira, tal como conflito gera conflito.
Se uma criança se apercebe que os pais lhe mentem, podem ter a certeza de que esta mesma criança vai perder a credibilidade total nos pais e passará a ter a mesma atitude em relação a eles.
Que direito tem um pai/mãe de exigir verdades quando ele mesmo faz o oposto!
É curioso como os pais se acham donos da verdade quando na realidade também não dizem as verdades todas.
Um exemplo simples: estamos num supermercado e uma criança pede qualquer coisa (bolachas, batata frita, pão, sumo, água, chocolate… Algo normal em crianças.
Os pais nem sempre podem comprar, ou não querem, ou não tem dinheiro naquele momento para o fazer, várias razões.
O que mais se escuta é: “não me chateies, agora não te compro isso porque te portas mal”.
Em vez disto, porque não dizer: filho gostava muito de te poder comprar o que tu pediste, mas neste momento não posso fazê-lo.
Sei que dá a entender a diminuição de poder, o descer ao nível da criança, mas o que acontece é precisamente o contrário. A criança ouve e fica a pensar no assunto. E, ao contrário do esperado, ela vai ficar sossegada e não vai insistir.
Poderia enumerar uma série de situações onde percebo que os pais não estão a ser verdadeiros e confesso que tenho dificuldade em perceber o porquê desta atitude.
Existem razões e razões, motivos e motivos, situações e situações, mas acho que a perca é muito superior aos ganhos quando não existe verdade.
Não alimente uma relação com as suas crianças baseada na falta de verdade.
Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental
