Agora, em primeiro lugar é eu mesma(o) aceitar a essência dele e desenvolver estratégias que possam tornar a vida dele mais feliz. Se não o sei fazer sozinho, procuro ajuda especializada e chegarei ao caminho certo. Ninguém nasce ensinado a saber resolver tudo, e mal seria se assim fosse.
Vai seu duro este caminho?
Provavelmente, vai. Vai ter momentos altos e baixos como tem tudo a que nos propomos nesta vida. Não se preocupe, que não é o facto de o seu filho ter uma condição diferente que vai tornar o processo mais duro. Todos os processos são de luta, uns mais outros menos, mas também nunca ninguém nos disse que a vida era fácil. Eu, enquanto ser humano, não aprecio assuntos fáceis. Adoro desafio, é sinal de crescimento e evolução.
Se tivéssemos tudo de “bandeja” nada faria o mesmo sentido nem teria o mesmo sabor.
Voltando ao tema da diferença. Muitas vezes, se não for grande parte delas, é a sociedade em que vivemos que torna esta diferença mais difícil e com maior desgaste para pais e filhos.
Toda e qualquer criança, independentemente da condição que tem, precisa do mesmo. Amor, carinho, atenção, proteção…, mas acima de tudo de regras. Regras firmes e bem fundamentadas para não aparecer aqui a questão dos porquês. Muitos pais, tem receio de ser firmes na hora de educar os filhos. Consigo compreender esta atitude porque lidar com todos os estímulos que nos rodeiam não é fácil, e vai influenciar a nossa predisposição para a firmeza.
Mas, ninguém conhece o vosso filho(a) melhor que vocês mesmos. Ninguém sabe o que ele precisa melhor que vocês. Não tenham medo de ser firmes, também é sinal de AMOR. Talvez o maior sinal de todos.
Uma coisa eu sei. Se eu não for firme naquilo que transmito ao meu filho(a), estou a criar um caminho de extrema instabilidade emocional em mim e nele. Tal como estarei, a abrir grandes probabilidades de se tornar numa criança instável a nível emocional e de personalidade.
Crianças com condição diferente, independentemente da que seja, precisam de regras bem mais firmes que as outras. Só assim, irão perceber o que é esperado que aprendam para serem felizes e fazerem uma boa integração na sociedade que vivem.
Deixar a criança fazer tudo o que quer, só porque tem alguma limitação é um caminhado errado. Depois, ela mesma vai-se aproveitar disso para “manipular” o adulto.
Sou mãe e professora, trabalho com crianças com diferentes patologias e em todos os meus momentos de trabalho a peça fundamental é a firmeza e a persistência que utilizo. Para ser firme não preciso ser má. Apenas devo ser assertiva nas palavras.
Palavras certas no momento certo.
É fácil manter este papel?
Tem precisamente as mesmas condicionantes que em casa. Mas, se não o fizer, o meu trabalho terá mais dificuldades do que o esperado e as crianças não terão a evolução esperada.
Quando nos preocupamos com os nossos alunos e depositamos neles todas as nossas capacidades para os tornar em seres humanos melhores, mais autónomos e mais felizes temos um caminho de luta. Ser melhor não é ser melhor que os seus colegas, mas sim melhor que ele mesmo. Ultrapassar barreiras, dificuldades, atingir novos caminhos além do tempo que leve a conseguir.
As crianças independentemente do género, religião, cor, identidade, patologia, fazem-nos crescer. A diferença entre todas elas é a maior riqueza que pode existir. Todas, por si sós, aceitam a diferença como algo normal. Criança não discrimina, criança não tem preconceito.
Se o seu filho(a) é diferente, agradeça todos os dias. É, essa mesma diferença que o(a) torna tão especial.