Sendo mãe de uma criança de 10 anos e outra de 20 meses, deparo-me diariamente com a dificuldade de gerir ao mesmo tempo a fase difícil de uma criança que está a traçar o seu caminho para a adolescência, e a frenética energia de um bebé que corre tudo, desde o momento que acorda até ao momento em que se deita.
É difícil, para nós pais saber que os nossos meninos já querem negociar as regras e discutir as nossas decisões no momento em que dizemos não ou colocamos regras. E piora quando descobrimos que temos um pré-adolescente em casa.
Cada criança têm o seu time. Existem crianças com 10 anos que ainda continuam na inocência da infância, outras que já começam a querer expressar a sua independência e está tudo bem. Faz parte do crescimento.
Não se enganem, é uma fase difícil onde somos testados diariamente. Mas, é importante pensar que essa dificuldade não é apenas nossa, mas também deles. É muito importante que tenhamos sempre isto em mente.
Vejo a necessidade redobrada de reforçar a minha paciência, porque nesta fase é muito importante conseguir manter a ténue linha da comunicação. Digo ténue porque se encararmos esta fase como um braço de ferro em que única e exclusivamente os pais é que têm direto a mostrar a sua autoridade sem dar espaço para que a criança expresse o que sente, essa linha passa a zero e tudo se perde. Passamos a ter uma criança fechada, indolente, revoltada que sente que a sua opinião não vale nada e que não é ouvida.
A pergunta que mais ouço é: mas porquê? E essa pergunta dura horas, senão dias.
Sempre tentei explicar as coisas ao meu filho da forma mais honesta e real possível. Tento sempre colocar-me no lugar dele, e peço-lhe para repensar calmamente se o que lhe expliquei faz sentido ou não, não uso a mentira como forma de adiar uma questão.
Se fizermos o esforço de retroceder no tempo e pensar como é que nós reagimos aos 10 anos quando eramos contrariados, que recordação nos trás?
Sei que muitos vão dizer: quatro berros e nem falávamos mais no assunto, ou nem ousávamos contrariar os nossos pais, ou até pior, mas não é essa a questão que vos coloco. A questão é, como é que nos sentíamos?
As crianças necessitam de ser ouvidas e necessitamos de criar espaço para que reflitam e até mesmo expressem a sua revolta.
Tudo isto é algo que tenho interiorizado. É uma fase de desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Sei que é uma fase em que está a criar a sua própria identidade, de ataques de ira, de afirmação, de negociação. A Chave de tudo é a paciência, a comunicação e muito AMOR.
No entanto, é um desafio diário gerir esta fase com um bebé ao colo.
São mais as vezes que conto até duzentos, do que as vezes que consigo estar calma o suficiente para lidar com a questão. Se perco a paciência! Obviamente que sim, sou um ser humano não uma máquina programada.
Por mais que repita diariamente que preciso de estar calma e preciso de falar com ele, confesso que não é fácil, porque pedir a uma criança de 10 anos para esperar 10 minutos é uma eternidade na sua cabeça. Tudo têm de ser respondido na hora e se não for é porque só quero saber do irmão e não quero saber dele.
Fico derreada, quando ouço estas palavras. A primeira coisa que penso é: FALHEI!!!
Mas, como sempre tenho presente tudo aquilo que o meu coração e o meu instinto me diz para fazer, vou fazendo sempre o melhor de mim e à noite quando finalmente adormeço o mais pequeno ao fim de um dia a mil à hora, faço um momento de reflexão, respiro e ao deitar-me na cama do meu pequeno pré-adolescente converso com ele e deixo-o falar abertamente de tudo o que lhe vai na mente, por vezes até adormecer.
E é com este gesto que acordo no dia seguinte, com a certeza de que não falhei, dei o melhor de mim, amo os meus filhos daqui até á lua e mais além e isso faz de mim a melhor MÃE do mundo.
Faço o esforço para alcançar tudo aquilo em que acredito. Uns dias correm bem, outros menos bem. O importante é ter a certeza que com muito amor conseguimos chegar lá. Respirem, vai ficar tudo bem!
Com amor, “confissões de uma mãe”
Sofia Ramos