Família, Pessoas

Mãe aos 40 e 1

Sou mãe de dois seres incríveis, um de 10 anos e outro de 20 meses.

Fui presenteada pela vida duas vezes, e ao contrário do que as vozes experientes dizem, foi mais difícil ser mãe aos 41 do que aos 33.

Quando temos um filho, seja aos 30 ou aos 40, queremos que tudo seja perfeito, queremos ter resposta para todas as ocasiões e exigimos de nós mesmas (aquilo que não podemos), ser supermulheres.  

A verdade é que nem tudo é perfeito e nem sempre existem respostas para todas as ocasiões, mas existem duas coisas que nascem dentro de nós junto com os nossos filhos: o amor incondicional e o instinto maternal.

O cérebro da mulher estabelece este vínculo entre mãe e filho durante a gravidez e continua durante a maternidade, é um processo biológico. Esse vínculo aumenta com a proximidade e à medida que se estreitam laços entre ambos.

Essas duas ferramentas que vêm no “Kit bebé a bordo” são duas armas poderosas para usar nos momentos imperfeitos, nas ocasiões sem resposta e em que nos sentimos inseguras.

Ninguém conhece melhor os filhos do que os próprios progenitores. Vão existir mil e uma mães, tias, primas, avós, amigas, conhecidas e até vizinhas altamente patenteadas na arte da maternidade e que por incrível que pareça demonstram ter resposta para tudo, no entanto, essas mães não são as mães dos nossos filhos e o que funciona ou funcionou com os seus filhos pode não funcionar com os nossos. Por esta razão, é que devemos “escutar” o nosso instinto maternal, respirar fundo e ter a certeza de que nem sempre vamos ser perfeitas, nem sempre vamos ter as respostas e nunca vamos ser 100% seguras, mas temos um amor incondicional e esse amor faz de nós a melhor mãe do mundo para eles!

Aos 41 ouvi menos as opiniões alheias, escutei mais o meu instinto maternal e dou todos os dias o melhor de mim.

Por outro lado, ser mãe aos 41 deu-me uma experiência na maternidade que ainda não tinha vivenciado. A subcarga física e emocional.

Somos bombardeados diariamente com situações e pessoas que requerem a nossa atenção, questões que necessitam de ser resolvidas. As mamãs de primeira viagem, não são poupadas desses bombardeamentos.

Os recém-nascidos são o centro das atenções, todos demostram preocupação com o bem-estar do bebé, se o bebé necessita de alguma coisa, se está a correr tudo bem com o bebé, como é que mano está a lidar com a falta de atenção, se o bebé mama bem, se não mama bem, se está a evoluir nos percentis definidos… Os avós, os amigos, os colegas de trabalho, todos telefonam, todos querem ver o bebé. Mas quem se lembra de perguntar como está a mãe, se precisa de ajuda, se precisa de dormir, se precisa apenas de apanhar ar!

A recuperação pós-parto de uma cesariana não é nada fácil. Todos os bebés têm os seus pequenos incómodos, cólicas, noites difíceis e tudo aquilo que vêm a seguir. Mãe de segunda viagem já sabe que é assim. Já têm experiência, então pressupõe-se que já têm de saber lidar com tudo. Claro que sim, mas essa informação assumida não diminui o cansaço, certo?

O tempo vai passando e começas a trabalhar e tudo começa a duplicar.

Fui levada por uma onda de descontrolo total, planeamento da vida quotidiana, casa, contas, filhos, marido, trabalho, pai, mãe, gatos, tudo estava dependente de mim. Tudo era prioritário, quando dei por mim não estava em 2º, nem 3º, nem 10º lugar da lista de prioridades, simplesmente não estava.

Descobri então, da pior das formas que temos de parar, temos que encontrar o equilíbrio, temos que delegar e temos sobretudo de ter tempo para nós.

Quem ama, terá que compreender essa necessidade.

Somos mulheres normais, com as mesmas necessidades físicas, emocionais e afetivas que todas as outras mulheres. O estatuto de mãe, não apaga o estatuto de mulher. Os nossos filhos são a nossa prioridade, contudo, se não estivermos estáveis física e psicologicamente, não seremos capazes de gerir esta roda viva, vamos entrar numa espiral de cansaço, negatividade, autocrítica, falta de foco e tornamo-nos vítimas do nosso próprio bloqueio, ao não nos permitir ter tempo para nós.

Procurar ajuda, estabelecer limites, priorizar o tempo para nós, tudo isto é importante.

Não podemos inibir-nos de tirar umas horas para nós ou mesmo tirar uns dias.

Parece difícil, mas não é. Tudo passa por tomar essa decisão: vou parar, vou recarregar energias, vou-me reencontrar para poder dar o melhor de mim e aconteça o que acontecer não ceder, o mundo não vai desabar.

Alguém, um dia destes disse-me palavras que me ficaram. Tento desde então, repetir diariamente como um mantra algumas frases que considero importantes “manter o foco no que é importante, relativizar as situações, procurar o equilíbrio, recarregar energias, não pensar no que os outros podem fazer por mim, mas sim o que eu posso fazer por mim”. Confesso que ainda estou no processo de aprendizagem para estabilizar este turbilhão de emoções que têm sido a minha vida. Uns dias bem, outros menos bem, mas o meu mindset é este.

Força para todas! Não se esqueçam, somos MULHERES que são MÃES e acreditem é essa mensagem que devemos passar aos nossos filhos/filhas, para que compreendam que somos uma força da natureza, mas que também nos cansamos e está TUDO BEM.

Até já!

Com amor “confissões de uma mãe “

Sofia Ramos