Família, Pessoas

Já és muito grande. Porta-te bem

Hoje, um dia quente e agradável para me esticar ao sol e dar uns mergulhos, após o horário de trabalho decidi ir até à praia.

Como sempre fico no meu canto e encantada a observar as crianças que por lá andam a brincar. Gosto de estar atenta, pois nunca se sabe o que elas poderão fazer perto do mar. Só o facto de as observar o meu coração transborda de alegria. São tão puras e genuínas que me derreto por completo.

Decidi dar o meu mergulho e quando regressava para a toalha ouvi uma senhora que suponho que seria mãe a dizer: já és muito grande, porta-te bem.

Olhei de forma discreta e qual é o meu espanto que vi um menino que teria entre três a cinco anos, nada mais do que isso.

Fiquei chocada.

A criança estava a brincar com uma pistola de água, certamente, oferecida por um adulto e a mãe afirma que ele já é grande e que se porte bem.

Pergunto-mo: qual será a criança que com uma pistola de água na mão não terá vontade de brincar com ela e esguichar água para as pessoas que gosta? Não consigo perceber o que aquela senhora pretendia que o seu filho fizesse, mas eu sou adulta e faria o mesmo que o menino.

Para que dão brinquedos às crianças se não querem que os utilizem para o que efetivamente eles servem?

Para que levam os filhos à praia se querem que eles estejam quietos e esticados numa toalha, tal como a senhora estava. Esticada na conversa com amigas.

Confesso que tenho muita dificuldade em perceber este tipo de atitude e em controlar a vontade de me levantar e ir brincar com a criança, porque a mãe está mais preocupada com apanhar sol e conversar com as amigas.

Quando o meu filho tinha esta idade, não me lembro sequer de ter tempo para sentar o “rabo” na toalha. Brincávamos o tempo todo e havia sempre crianças que se juntavam a nós, porque os seus pais queriam apanhar sol.

Sentia-me completamente preenchida e ignorava por completo os adultos, porque se fosse dizer o que pensava quem ficaria penalizado seriam as crianças que ali estavam. É mais fácil punir uma criança do que tomar consciência dos falhos, enquanto adultos e responsáveis por elas.

Adoro uma frase de Karl Mannheim, que diz o seguinte: “O que se faz agora com as crianças, é o que elas farão depois com a nossa sociedade”.

Cada dia é mais difícil ser criança, neste mundo de adultos ocupados.

Desocupem-se quando decidem sair com as vossas crianças. Dediquem atenção plena, brinquem com eles. No futuro, estas crianças terão memórias tão especiais gravadas, que serão incapazes de não as passar aos seus próprios filhos.

Criem boas memórias nas vossas crianças.

ACREDITEM e ENSINEM a ACREDITAR.

Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental