O Mundo Das Crianças

Faz sentido comparar crianças?

Nenhuma criança é possível de ser comparada com outra.

Todas elas são diferentes e ainda bem que assim é. A diferença entre elas é que torna tudo mais rico. Nem irmãos que tem a mesma educação são iguais.

Ver e ouvir comparações entre crianças é das situações que assisto com muita frequência e me incomodam profundamente.

Que direito tem os adultos de comparar, distinguir ou criar desigualdade entre estes seres indefesos!

Depois, estranham quando vão a algum lugar e os miúdos fazem comentários espontâneos em relação a um menino ou menina que veem. Aprendem com os crescidos e nem sequer lhes foi explicado que a comparação faz parte da vida, sempre que seja feita de uma forma construtiva.

Sempre existiu e sempre vai existir comparação. Mas esta comparação tem que ser incutida de forma saudável e não para gerar conflito e crise emocional.

Já assisti algumas vezes a comentários como: a tua amiga teve muito bom na escola e tu só tiveste suficiente. És um burro.

De seguida penso: esta pessoa não pode gostar do seu filho. Esta pessoa não deve ter noção daquilo que diz. Fico tão chocada e incomodada que acabo por virar costas, se conseguir.

Se não conseguir, respiro e digo algo como: este comentário não foi nada interessante nem adequado.

Começo logo a pensar no que aquela criança vai ter dentro do seu coração. Tristeza, desânimo, dor, sentimento de inferioridade, vai achar que não faz nada bem e que nunca vai conseguir bons resultados escolares.

Pessoas, adultos, educadores, professores, intervenientes educativos criança não se compara. Criança é aproveitada pelas suas melhores capacidades e é estimulada para as que tem mais dificuldade.

Criança não é máquina. Precisa ser trabalhada, estimulada, ensinada, mas essencialmente motivada para ultrapassar o que não consegue tão bem. Ser bom em algo que se domina não é difícil. Difícil é melhorar naquilo que se tem mais dificuldade.

Cada criança tem o seu tempo de aprendizagem. Nem todos conseguem assimilar da mesma forma nem entender da mesma forma. Precisam de tempo para interiorizar e concretizar. Precisam de tempo para fazer e errar, pois só assim vão aprender.

Não comparem as vossas crianças. Não façam aos vossos filhos o que não querem que vos façam a vocês.

Algum dia, já fomos vítimas de comparação, e tenho a certeza de que nenhum de nós gostou de o ser de forma destrutiva. Se for para comparar, que seja de forma construtiva.

Tânia Abreu – Professora, Coaching Educativo e Parental